quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O palhaço




Ele era um simples palhaço, no meio das ruas, que vagava pelos sinais de transito com seus números de malabarismo, uma simples figura que precisava daquilo. Ele e sua turma, com palhaços iguais a ele! Com cara pintada de preto, branco e vermelho, desfilava nas ruas, tentando sorrir e parecer feliz, mas no fundo ele estava triste. Sim, triste. Por detrás daquele palhaço, estava João, um simples menino que precisava se alimentar, um simples menino que tinha que sobreviver, um simples menino que morava num quartinho de um circo a e que mascarava os problemas todo dia vestindo aquela roupa de palhaço. Aquilo lhe dava esperanças, e ele não deixava de acreditar nos seus sonhos. Era um dia de chuva, um dia que João considerava razoável... Ele não gostava de ficar molhado, mas não se importava também de ver as gotinhas caindo de seu cabelo castanho escuro, molhado, e pingando no chão. Ele sorriu, enquanto esperava o sinal fechar para poder iniciar o seu numero. Tudo pronto, ele foi pra calçada e iniciou seu numero. Espere, agora é hora de tirar o foco da história de João. Num desses carros, passava uma menina, uma menina igualmente simples de coração: Ana. Lá estava Ana, apoiando o cotovelo na beirada do carro, sentada, e a cabeça no vidro. Olhava pra rua, sem prestar atenção em nada, e foi quando ela viu o palhaço. Ela riu baixinha e olhou pra aquele palhaço: parecia tão novinho, devia ter a idade dela! E ele era habilidoso, ela podia ver. O sinal estava para abrir, e ela escutou o comentário dos pais: “Há, esses meninos de sinal!”. Ela não ligou, e continuou olhando, pra aquele menino que tirava o chapéu. O olhar dos dois se encontraram e ela viu que ele tinha belos olhos, ciganos. João por sua vez, viu aquela menina e achou engraçado alguém reparar nele, principalmente uma menina tão bonita! O sinal abriu, e ela foi embora.


Se isso fosse uma história comum, pararia por ai. Mas como sou eu que estou escrevendo, continuemos!


Mas a sorte já havia sorrido para os dois. João voltava todos os dias naquele lugar, esperando ver aquela menina de novo, e Ana torcia para um dia poder passar a pé por ali! Mas o dia chegou: João prometeu que aquele seria o ultimo dia a ficar ali, e Ana prometeu que iria passar ali de qualquer jeito! Pôs um vestido, e disse: Mãe, pai, eu vou à padaria! Eles logo quiseram levá-la de carro, ou então não iria, mas Ana insistiu até conseguir. Saiu sozinha, a pé, disposta a procurar aquele palhaço. João estava lá, no mesmo sinal, como sempre, procurando pelos carros a menina. Ela viu o palhaço, e foi correndo atravessar o sinal, indo pra esquina que ele esperava antes de começar o numero. Quando João chegou lá, a surpresa:
-Você?
- Sim, bem, palhaço... Qual seu nome?
- João, e o seu?
- Ana. Espera... Agora você me parece conhecido, João...
- Sim, é verdade... Ah! Você já foi ao circo da cidade? Eu trabalho lá, sabe o ajudante!
- É, deve ser isso, eu ia lá sempre há algum tempo atrás, eu me lembro de você, uma vez conversamos, lembra?... Então, João, eu acho que podemos ser grandes amigos, pelo menos, de vez em quando posso passar por aqui!
- É verdade! Você era a meninas que eu brinquei uma vez – Disse ele, rindo -Sim, acho que podemos... Bom, quer ir ao circo de novo? O espetáculo já vai começar!
- Sim, é uma ótima ideia! Posso chamar algumas amigas?
- Sim, claro, serão todas muito bem vindas!
Os dois sorriram, e saíram conversando, a caminho do circo que ficava ali perto. E eles dois sabiam que a oportunidade sempre chega para os que a esperam, e para os que têm fé!
Julia Uliana Pellegrini

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