sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Descrição

Procurei palavras poéticas para descrever meu sentimento. Não as achei.
Talvez por que meu sentimento não fosse poético.
Procurei palavras sabias para descrever meu sentimento. Não as achei.
Talvez por que não há nada de sábio em sentir.
Procurei palavras do dia-a-dia, e palavras do dicionário. Das mais fáceis às mais complexas.
Mas meu sentimento não era simples nem difícil.
Procurei palavras sujas e palavras gentis. Palavras grandes e pequenas. Metafóricas, suaves, grosseiras, delicadas ou doloridas.
Tudo era pouco.
Tudo era excesso.
Então achei-me no silencio,
E tudo ficou muito bem descrito.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.

Inicio de junho. No ar, o cheiro de churrasquinho e quentão, misturados com o eterno "pula fogueira iaia". Naquela festa junina magica, parecia que Santo Antonio abençoava, porque o que tinha de futuros casais...
- Ô joaquim, vai dançar com quem? - perguntou tímida maria.
- Sei ainda não...
Joaquim disfarçou, saiu de fininho, foi pro outro lado. Foi procurar a outra, que era mais esperta e não amava nenhum deles. Esperta e difícil.
- Lili, vem dançar também...
- Com você? Sei não...
E nesse enrolo, acabaram todos sozinhos. Mas também, como sempre, quem mandou não olhar pra trás?

Juliana

Os cabelos escuros de Juliana anelavam-se caindo pelo ombros brancos e lisos. Como pequenos buracos negros que atraiam mortalmente a atenção de Thiago. Como ele, ainda meninos, queria brincar naquele emaranhado de cachos e chegar, discretamente, aos ouvidos daquele mulher e sussurrar as palavras bonitas dos livros de poesia que ele lia nas noites de inverno.
Ele então poderia puxá-la pra si, e beijá-la, como ele, em seus poucos 14 anos, nunca havia feito.
"Thiago" ele ouviu a voz angelical de Juliana interromper seus devaneios
"Presente" Ele respondeu, à sua deusa e professora da oitava serie.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

vamos esquecer hoje?
esquecer o que?

discretamente, o perdão.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

passado (2)

Um único garoto no terceiro período, uma mãe que me chamava de nora. Uma rosa no dia dos namorados
E eu não sabia nada sobre o amor
Três amigas. Um coração que não se rendia as paixões platônicas. Um garoto de cabelo grande que sabia desenhar. Um bombom e uma foto no ultimo dia de aula. Uma carta apaixonada. Uma resposta cruel
E eu não sabia nada sobre o amor, mas sabia fingi-lo
Uma festa junina. Um garoto desconhecido. Um pressagio forte. Um desafio estranho "Você não resolve meu problema, resolve?". Uma surpreendente coincidencia. Duas pessoas unidas ao acaso num primeiro beijo. Um papelinho com msn pra eu não esquecer do que era inesquecivel.
E eu não sabia nada sobre o amor, mas sabia que amar era destino.
Tempos infinitos. Pessoas sem importância. Um coração se rendendo a desilusão.
Eu não sabia nada sobre o amor, mas ansiava cada vez mais por ele.
Um garoto se aproxima, Uma declaração de amor. Uma mentira. Um não.
E eu não sabia nada sobre o amor, mas pela primeira vez eu me senti amada
Vários garotos aparentemente iguais. Um convite inusitado. Uma confusão de ideias. De novo um pressentimento. "Você terá uma surpresa, você sabe qual dele será??"
Eu não sabia... de nada
Uma pergunta sem propósito "Você toca violino?". Outro presságio. Uma escolha. E naquele dia eu flutuei de volta pra casa.
Um passeio com os amigos. Um ônibus que se mexia demais. Contatos não evitados. Duas mãos que se buscaram. Pensamentos que se expandiram para fora da minha mente. Uma despedida que doeu. Outro pressentimento de que seria breve.
E eu não sabia nada sobre o amor. Mas me deixei tentar.
Falas emboladas. Nervosismo sem explicação. Um abraço antes de entrar em cena. Uma surpreendente aproximação. Mãos que se entrelaçaram. Lábios que se uniram. Um beijo no olho mas dois corações que nunca chegaram perto de se cativarem. Um adeus.
E eu não sabia nada sobre o amor. Mas ele me pareceu delicioso.

Um certo irmão de uma amiga, outra festa junina. Outra rosa no dia dos namorados, tudo parecia se repetir, numa diferença que eu não sabia explicar. Um cheiro no meu travesaseiro, e aos poucos eu não conseguia me imaginar avulsa.

Finalmente, eu sabia sobre o amor.
Há pessoas que choram porque as rosas tem espinhos, outras se alegram por que espinhos tem rosas.


(Machado de Assis)

As vezes me dá dó de alguns amigos que perderam pessoas amadas, não só para morte mas também pra distancia, e em alguns caso, até pro esquecimento. Cada um, a seu modo, descobriu o jeito de tocar a vida pra frente. Admiro-os. E sei que por mais que agora eles vejam espinhos em suas mãos, eles sabem que um dia eles tiveram rosas.

sábado, 10 de dezembro de 2011

conjugação

eu pensei, no passado
eu pensarei, no futuro
eu penso, no presente
e a razão se sobrepõe
a um simples "eu quero"