terça-feira, 11 de outubro de 2011

o quarto de Camille

Camille não afastou o toque quente das mão de Raphael. Mesmo que a temperatura da sua pele lisa e morena a assustasse um pouco, ela deixou que ele percorresse sua cintura a caminho de seu pescoço, onde ele, sem delicadeza ou brutalidade, simplesmente seguindo instintos, tomou o rosto dela entre as mãos para contempla-lo.

Camille também o observou. Receosa e inundada de um prazer inexplicável. Ele não parecia humano, seus olhos castanhos eram vivos e sedentos por algo que ela não podia explicar. Aquele par de olhos penetrantes a amedrontavam ao mesmo tempo que eram um convite irresistível à proximidade.

Era viciante sentir o calor que emanava dos seus braços fortemente envoltos no corpo magro e frágil de Camille. Sua boca, ao contrario de todo seu corpo (aberto à contemplação) calava-se. Como se escondesse um segredo milenar. Segredo esse que Camille ousaria desvendar.

Ela o havia deixado entrar na sua casa, sem que ninguém visse. Agora estavam os dois deitados na cama dela. Imprudentes e impulsivos.

Então a lua, cheia e zombeteira, brilhou no céu inundando o quarto de uma luz azulada e fria. E Raphael, veloz como um anjo (como sugeria o nome) desceu, sem explicações, pelo parapeito da janela do segundo andar, de onde espiava Camille todas as noites e desapareceu por entre as folhagens do jardim.

E Camille ficou na janela, vendo o desaparecer. Ela guardaria seu segredo. Ele no entanto, levava consigo, para sempre, o calor do quarto de Camille, e sem querer, no correr veloz de um lobo Raphael levava também o coração da pobre moça.

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