terça-feira, 31 de maio de 2011

Eu larguei tua mão para que você a pegasse de volta

E assim eu pudesse sentir, como se fosse novidade, seus dedos fortes entrelaçando-se ás minhas mãos finas e frias.

Fui embora, para experimentarmos novas emoções.

Corri de ti, para que você viesse atrás de mim.

Afastei-me, para sentires saudade.

Eu era curiosa, estranha e indecisa.



Mas, eu retornei.

E a casa estava vazia.

sábado, 28 de maio de 2011

gêmeos

Eu me deitei de olhos fechados no banco do corredor do colégio.

Deixei que o barulho dos tambores do congo enchessem meus ouvidos. Senti uma paz engraçada, como se tudo tivesse em seu devido lugar. A escola estava em festa, e isso me pareceu incrivelmente divertido, mesmo que eu estivesse totalmente alheia a tudo isso.

Era como se nada mais importasse. Se eu e Jorge estávamos juntos ou não? Eu pouco ligava, estava feliz sozinha e isso bastava.

Mas, quando eu menos esperava, sem querer abri a caixinha de surpresa que é a vida.

Mesmo de olhos fechados, eu senti alguém que se aproximava sutilmente de mim. Era Alessandro, irmão gêmeo de Jorge.

Ele chegou perto - bem perto mesmo, muito mais do que eu poderia esperar dele- e sussurrou no meu ouvido tentando imitar a voz do irmão.

"Continua de olhos fechados minha bella"

Eu ri, eles eram idênticos, estar de olhos fechados pouco faria diferença, mas eu sem saber muito por que entrei na brincadeira dele. Não imaginava o motivo dele em querer me enganar, mas deixei que ele achasse que estava conseguindo seu propósito.

De surpresa, ele deitou seu corpo bem perto do meu, me inundando entre o calor de seus braços. Eu me surpreendi com a ousadia, mas não ousei afastá-lo. Afinal, eu, no escuro dos meus olhos fechados, me senti totalmente protegida dos olhares alheios.Como uma criança que para não ser vista tampa os olhinhos, como seu pudéssemos nos esconder do mundo só fechando-se em nós mesmo.

Então, ele me beijou. E eu, atônita, só fiz beijá-lo em troca. E, naquele momento, eu não era sozinha. Era um surpreendente mundo só a dois.

Porém eu teria que acordar de tudo aquilo, então eu abri os olhos, lentamente, enquanto ele carregava meus lábios entre seus dentes como se não quisesse mais livrar-se deles.

"Alessandro, você pensou mesmo que eu não ia perceber que era você?"

"Então por que você me deixou fazer isso, minha bella?"

"Por que nunca é tarde para perceber uma escolha errada"

E eu fechei os olhos de novo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

cantiga de roda



Ai, eu entrei na roda
Ai, eu não sei como se dança
Ai, eu entrei na "rodadança"
Ai, eu não sei dançar...



Ela definitivamente não sabia dançar. Não naquele ritmo estranho que seus pés se viam obrigados a dançar. Mas ela tinha entrado na roda por livre e espontânea vontade. Só pra ver que dança era aquela que as pessoas faziam parecer tão fácil. Agora ela estava ali, ouvindo a musica sem muita certeza se queria dançá-la.


Sete e sete são quatorze, com mais sete, vinte e um
Tenho sete namorados, mas não gosto de nenhum...


5 nomes de meninos - e não sete, como na musica, ela agradecia aos céus - e uma única escolha que mudaria sua vida. Como numa prova ela tinha cinco opções e só um X a ser marcado. Só que ali era mais difícil, pois era seu coração que estava em jogo. A) ( ) B) ( ) C) ( ) D) ( ) e E) ( ) e uma única resposta que ela não sabia qual era. E quanto mais ela relia os nomes mais percebia que de fato nenhum era uma opção.


Lá vai uma, lá vão duas, lá vão três pela terceira
Lá se vai o meu benzinho, no vapor da cachoeira.


E ela pensou, pensou, e o tempo acabou sem que ela tivesse marcado nenhuma das opções.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

-Onde está o desenho que eu te dei?? Aposto que você jogou fora! - Clarisse berrava com os olhos cheios de lágrimas numa raiva que nem ela sabia de onde vinha- Cala a boca André, não me diz que você perdeu, eu não quero ouvir tamanho descaso. Ahhh você deve ter dado pra outrazinha pra quem voce fica mandando os recadinhos chateadinho no twitter... Olha só, você não pode estar com nois duas tá... você não tem competência pra isso! Eu não queria desistir de você, não queria mesmo... mas não dá! você nunca me surpreende... é eu ainda não me acostumei a essa mesmisse....Se a gente fosse um livro eu jamais leria, chato, lento e previsível!
Clarisse chorava aos soluços enquanto seu corpo tremia ao despejar torrencialmente todas as coisas que ela guardava a tanto tempo no seu coração. Ela não sabia o quanto daquilo era verdade e quanto daquilo tinha vindo no embalo da raiva que ela inexplicavelmente começou a sentir.
Clarisse não era mulher de meio romance. Ou era a única ou tudo devia ruir... por mais que lhe doesse o coração deixá-lo com aquele brilho triste nos olhos.
Mas ela estava determinada.

Mas André, em sua ultima chance, a surpreendeu.
Envolveu-a em seus braços fortes, e a segurou bem firme contra si, enquanto o corpo frágil e soluçante de Clarisse amolecia em seus colo. Então, quando ela mais calma enxugava suas lágrimas, ele abriu a carteira e tirou, dobradinho com cuidado o desenho que ela havia lhe dado.

domingo, 22 de maio de 2011

O amor é mesmo estranho

http://www.youtube.com/watch?v=vpv29rImwLQ&feature=fvst

-Vai lá, tá na cara que ele quer ficar com você...

- Ah, Cauã, acorda, ele é muito lindo! E ela ali, aposto que tá olhando pra cá querendo saber se sou sua namorada...

Janaina riu daquilo, enquanto Cauã, seu antigo conhecido (e ficante) e mais novo amigo dizia:

- Até parece, e você é linda também, sua boba...

Os dois estavam sentados no segundo andar de uma cobertura onde acontecia um churrasco, Jana encostrada nele. Sorriam, felizes.

- Okay, já volto.

Ela saiu de perto, ia descobrir se aquele garoto estava mesmo afim dela. Cauã deveria fazer o mesmo, ela pensava... E saiu pela festa em direção a uma amiga que conversava com o menino.


~>.<~


Algum tempo passou naquela festa, e os dois amigos se reecontraram. Puxando Cauã pra aquele mesmo lugar onde estavam sentados antes, ela peguntou:


- E ai, ficou com a menina?


- Ah, mais ou menos... Foi meio estranho, não sei... E você?


- Idem... Estranhissimo!


Os dois riram, e muito. Em meio as risadas, mãos se tocaram.


- Sabe, Jana, é meio estranho também, mas...

- Mas...


- Você já pensou se estivessemos juntos, quero dizer, se tivessemos nos encontrado depois de ficarmos aquela vez...


- Seria legal, eu acho...


Ele sorriu, concordando. Jamais imaginou que aquela menina que havia ficado há uns dois anos atras se tornaria sua grande amiga. Nesse momento, Janaina tocou seu rosto. E ele resolveu tentar de novo. Aproximando-se, a beijou.


E ali, eles sabiam o que era estranho: terem ficado separados todo esse tempo.











Ju ^^

terça-feira, 17 de maio de 2011

mil acasos me levam a você...

Camille olhou no fundo dos olhos de Thiago. Era tão estranho se separar-se , por um misero momento que fosse, daqueles convidativos olhos verdes. Ele, suavemente, passou os dedos pelo rosto dela, ajeitando um fio de cabelo rebelde que ameaçava a perfeita harmonia das faces jovens de Camille.
- Até mais - Ele sussurrou segurando delicadamente o rosto dela entre as mãos.
- Até mais - Ela respondeu acariciando as mãos dele e as guiando, relutantes, para longe de si.
E cada um tomou seu caminho

Camille andou devagar, sem pressa, curtindo aquele misto de saudade e orgulho da certeza que não havia errado ao escolhe-lo.

Mas quando ela virou a esquina de sua casa, desejou que tivesse se apresado mais. Pois , sorrindo em frente ao seu portão estava Thiago. Lindo e perfeitamente seu.
Ela correu e o abraçou. Ele a levantou no ar, como em um filme de romance. E sussurrou baixinho em seu ouvido "Não importa o caminho que eu tome, você sempre estará nele"
Ela, emudecida, somente deixou que ele a conduzisse.
Então os dois de aproximaram.
Os olhos se fecharam e os lábios se uniram.
Atemporais.

musica de fundo : http://www.youtube.com/watch?v=M0YtFsBAjIo

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Maldição.

Ela, com a pureza do ser mistico que é ser mulher, se esticou na ponta dos pés e tocou com suavidade seus labios no olho dele.
E, sob a luz da lua cheia, com um simples beijo, ela aprisionava - para o infinito que durasse a chama- a alma daquele pobre menino.

sábado, 14 de maio de 2011

ficção (?)

"Alguém tem o telefone do Lorenzo?" Caio perguntou para as pessoas reunidas fora do teatro municipal.
Beatriz tentou esconder as faces que estavam corando.
Caio a olhou inquisidoramente. Ele sabia de tudo.
"Eu tenho, pode ligar se quiser" Beatriz falou timidamente. "Ele falou que viria aqui hoje.."
Caio pegou o telefone e discou. Ninguém atendeu.
"Se ele retornar, quer que eu deixe um recado?" Beatriz disse olhando para o celular para desviar os olhos do olhar acusador do seu interlocutor.
"Diz pra ele que eu to na porta da casa dele" Caio disse saindo.
Beatriz ficou. Na certeza que ele não viria.


---*--*--*--*--*---

"Ela tá lá na frente" Lorenzo disse timidamente para Caio, seu melhor amigo.
Caio nem se deu ao trabalho de esconder o riso debochado diante da insegurança do seu amigo.
"Vira homem, e vai falar com ela" Ele disse empurrando nada sutilmente Lorenzo pra mais perto das cadeiras do teatro.
"Meu cabelo tá ruim, cara" Lorenzo disse procurando uma desculpa para não se aproximar de Beatriz, a menina que ele estava afim.
"Põe esse chapéu e vai lá logo... olha como ela tá olhando aqui pra trás e e te esperando... do jeito que ela te olha você nem precisa falar nada... é só chegar perto... a gatinha tá no papo"
"Poh cara, não fala assim da Beatriz, ela só tá sendo simpática" Disse Lorenzo tomando ares de ofendido.
"tá bom... então aproveita a simpatia e vai...."
Caio não precisou terminar a frase, Lorenzo o deixou falando sozinho e já tinha saído ao encontro de Beatriz. Uma onde de segurança tinha tomado conta dele. Era melhor aproveitar.
Ele abraçou discretamente sua amada. Sem que ninguém no recinto percebesse suas verdadeiras intenções. Só ela, ainda que ela não tivesse certeza.
Foi um abraço rápido, mas com tempo suficiente para ela sussurrar baixinho no ouvido dele "pensei que você não vinha".
Ele riu e a apertou ainda mais forte contra si.
Ele tinha vindo. Ele estaria sempre lá.
Isso fazia dela a garota mais feliz do mundo.
E o deixava ainda mais feliz por ver, mais uma vez, aquele sorriso lindo que tinha tocado seu coração.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chá das 3:00

A partir desse texto, eu vou tentar postar uma musiquinha que eu acho que tenha a ver com o texto, então leia com a musica!

http://www.youtube.com/watch?v=60jrlQPf5yw



Três horas

Está na hora, é agora, cadê você? Três horas, é agora a hora marcada, mas porque você não chega?

Três e dez

Dez minutos, por que tão atrasado? Eu estou aqui esperando, corre, vem logo, não me troque por outra coisa qualquer! O chá vai esfriar querido!

Três e vinte

Será ilusão? Vale à pena esperar quanto tempo? Está atrasado, sim, está! Vem, ainda dá tempo, três e vinte! Eu queria, mas por que você não chega? Esperar o tempo, esperar...

Três e meia

Você não vem, será? Tudo isso sem sua menor importância? A sua ausência... Vem de volta, vem! Mas você não vem, não é?! Canso de esperar então, e tomo o chá.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

incompletos

A lua estava pela metade
Meio amor
Meia saudade
Uma metade que ia, outra que ficava.
Separadas sem nunca estarem juntas

Mas como pensar em tristezas se tudo se resumia no calor se suas mãos tocando as minhas?
Nos abraços e nas palavras doces que desfaziam minha certeza de que você sempre foi longe?

Pela primeira vez, eu senti saudade de estar contigo.
E desejei que fossemos assim desde o inicio.

Por um momento, as decepções tornaram-se todas de mentirinha.
Mas não havia tempo.

Hoje não era mais uma virgula. Hoje seria um ponto final.
Talvez até, eu esperava, um belo ponto de exclamação.

Entretanto, eu não me importava se, no meio dessa desordem, nós contruissemos, juntos, um p.s.

sábado, 7 de maio de 2011

contrato de despedida

Bem, eu sou um pouco dramática, acostume-se.
Aliais, ignore. Só estou escrevendo nosso contrato de separação.
Para ficar tudo limpo nas nossas mentes.
Mas como sempre eu tenho alguns pedidos.
Tenha-me como uma espécie de aprendizado. Entenda o q eu te disse nas entrelinhas e seja melhor com as próximas meninas que virão logo (eu sei que logo virá outra roubar o lugar que, de fato, nunca foi meu).
Para mim vai ficar a triste escolha de te ver como um menino tímido que não teve coragem de se aproximar, ou se você foi apenas alguém que fingiu querer por medo de admitir que não havia desejo algum.
Não te culpo. Você fez o que devia ter feito.

Eu que fui muito acostumada a ter atenção. Quando de certa forma você nem ligava pra mim, eu me senti confusa. Com vontade de desistir de você pra sempre.

Eu insisti o quanto podia mas acho que chegamos ao ponto final.

Melhor pra mim, e principalmente pra você.
Esqueça-me e eu te esquecerei se assim desejar.
Que fique claro que eu nunca me apaixonei por você (nunca o fiz por ninguém, pouco provável que você fosse o primeiro). E não se envergonhe de admitir que a recíproca foi verdadeira.
Não leve isso como um (usando suas palavras) “nós não nos curtimos”.
Eu gostei de você e não mudaria nada no seu jeito de ser, só que eu não sou a menina certa pra você e nem você o tipo de menino certo pra mim. Acho que eu deveria ter visto isso desde o começo, mas você era bonitinho demais para eu não agarrar a oportunidade de tê-lo.
Bem acho que é isso... não precisa responder... Apesar de que eu gostaria muito que o fizesse.
É completamente bizarro eu te mandar isso... mas enfim, eu mandei... nem vou falar pra você não ficar chateado que é completamente certo que você nem levará a serio nada disso.
Obrigado por tudo que fez, e mais sorte da próxima.
Boa viagem e seja feliz.





Beijos de alguém que gosta muito de você.
Izabela Pellegrini

quinta-feira, 5 de maio de 2011

analogias

Tentei fugir de comparações.

Impossível.

As semelhanças eram irônicas e intrigante. Mesmo bairro, mesmo signo, mesma escola, mesma forma sorrateira de se fazer presente em meus pensamentos e mesma forma de sumir sem explicar-se.


Porém o que me irritava eram as diferenças.

As diferenças que dificultavam cada vez mais ocultar minha crescente decepção.

As diferenças que me faziam sentir saudade da atitude perfeitamente condizente com minhas expectativas de menina sonhadora daquele que um dia foi dono dos meus pensamentos.


Era impressionante como 'o outro' conseguia estar sempre onde eu esperava vê-lo.

Mesmo que nossas agenda fossem lotadíssimas, não havia espaço pra minha torturante ansiedade. Era o tempo que eu me sentia importante e desejada. A época em que eu me sentia à vontade de romancear os atos normais de um menino normal que eu escolhi para tonar-se especial.


Ele me acostumou mal.

Não sentia saudades dele, nem o queria, mas queria vê-lo em outras historias.

Sob outros nomes e outras figuras, quem sabe até melhores.


Ou no mínimo me surpreender com alguém que pudesse superá-lo sendo totalmente diferente e mais interessante.


Seria isso possível?

Inesperadamente, me pego pensando que sim.

Mas não com este que de inicio me pareceu assemelhar-se tanto ao primeiro.


Com alguém do acaso.

Alguém que ainda não existe.

Alguém de signos complementares, de vontades iguais, ideias diferentes, de atitudes que se encaixem numa harmonia perfeita de um casal...

E de historias que se ajuntem criando uma só.


E quem sabe (pego-me pensando em momentos de insensatez) a destruição e a esperança não sejam homônimas?