domingo, 20 de março de 2011

sobre a loucura

Fazia um mês que eu desenhava alianças. Dia e noite. Em todos cadernos, folhas avulsas, agendas, cadernetas telefónicas, carteiras escolares... não importava aonde. Eram só alianças.
Onde antes tinha uma variedade de olhos, barcos, espirais, borboletas, casas, ampulhetas e dezenas de outros rabiscos sem sentido especifico, hoje só restava as alianças.
Grandes, pequenas, bem desenhadas, mal desenhadas... de todas as formas e jeitos. Todas para uma mesma pessoa: Isadora.
Por vezes eu duvidava que Isadora fosse real, ela bem que poderia ser fruto da minha imaginação. Mas minha lembranças não podiam me enganar. Eu quase podia jurar que já havia tocado as curvas bem delineadas daquela menina que protagonizava meus sonhos mais secretos. Uma única vez. Mas o calor dela ainda corria em meu corpo.
E eu nem sabia o nome verdadeiro dela.
Isadora. Tão imaginaria quanto todas aquelas alianças e juras de amor. Mas eu a amava. Tinha absoluta certeza disso. Mais certeza do que as meninas humanas e alcançáveis que eu já havia me envolvido.
O sorriso dela, o jeito puro que ela brincava de ser ela. A segurança insegura. Os paradoxos perfeitamente resolvidos no ato de ser mulher sem deixar de ser menina. Tudo tão perfeito e parecido comigo. Um diamante polido para encaixar perfeitamente em todas essas alianças que eu dedicava a essa mulher. Minha mulher. Minha menina.
Ela era minha. Só minha. E dona de todos aqueles rabiscos.
Era amor. Era loucura!

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