quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

imortalidade

Elisa entrou no banheiro, mas dessa vez com outras intenções. O desespero já tomava conta dela a muito tempo, e ela sabia que não podia mais aguentar a vida que ela levava. Suas incertezas chegaram a tal ponto que ela desistira da luta, desistira da vida.



Como explicar isso ao que ela achava que ainda a amavam? Ela iria tentar porque ela ainda esperava que eles fossem piedosos e entendessem sua dor. Por isso trouxera com ela papeis e caneta. Muitos. Sua jornada em direcção a morte seria longa, ela teria tempo para isso.



Incerta que seu plano daria certo ela ligou o chuveiro quente para que o barulho da agua caindo disfarçasse seu verdadeiro plano. Então acendeu um fosforo, queimando a pilha de perfumes que ela havia posto na pia. O cheiro era incomodo, logo a sufocaria, mas havia tempo. Seria uma morte calma e sem dor.



Então ela se sentou no chão frio do banheiro e lembrou-se das palavras que ela queria escrever, concentrada, ela passou e rabiscar suas angustias nas folhas brancas, que agora se espalhavam envolta daquela figura desesperada.



O cheiro forte dos perfumes já confundia sua mente, mas ela ainda assim mantinha seu propósito de se despedir daqueles que ficavam. Confusa ela olhou pra suas cartas com a caligrafia muito boa para alguém imersa na confusão que ela estava.



Sangue, faltava sangue!




Então ela abriu a gaveta e com uma gilete fez um pequeno corte em seus pulsos. Com o sangue vivido ela começou a desenhar nas cartas, como se as palavras lá escritas já bastassem e os desenhos de sangue fossem meras distrações.



Seu cérebro girava e suas mãos tremiam. Ela mal podia rabiscar as formas no papel.



Então aconteceu algo que ela não esperava. Uma figura masculina esgueirou-se pela báscula. Ela olhou assustada, mas estava fraca demais para gritar. Alem do mais, que mal ele poderia fazer a ela que ela mesmo não desejasse?



Atraído pelo sangue, a figura mostrou sues dentes nada humanos para Elisa. Então ela entendeu, pela dor aguda que tomava seu corpo, que a figura a tirara do caminho escolhido.


Agora ela estava mais longe da morte do que um dia sonhou estar. Condenada, sem escolhas, à imortalidade.


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