quinta-feira, 30 de setembro de 2010

520

Estávamos tão perto, mas a distancia invisível entre nós era intransponivel: éramos dois desconhecidos. Duas almas que se encontraram ao acaso num banco de ônibus.
Eu observava timidamente o movimento de suas mãos passando as musicas no MP4. Pensei puxar assunto, dizer algo do tipo "também gosto dessa musica". Mas o que ele iria pensar de uma desconhecida fuxicando seu playlist? Além do mais, eu não fazia nem ideia de que banda era aquela que eles escutava.
Ele parecia também olhar pra mim. Por mais de uma vez eu imaginei que ele puxaria um assunto qualquer. Ele parecia sentir o mesma sensação estranha que percorria meu corpo. Como se minhas mãos fossem imãs buscando as deles. E nossos olhares estivessem predestinados a se cruzarem, mesmo que nós sempre os desviassemos quando percebíamos o iminente encontro.
Era ridículo e totalmente irresistível.
E pensar que eu só estava nesse ônibus por que eu perdi a hora. Se eu não tivesse que procurar minha carteirinha de passe antes de sair eu não te encontraria. Isso me lembrou um livro e eu sorri com aquele sorriso que só faz o olho brilhar e nada mais.
Mas ai, ele pediu licença e eu me ajeitei pra deixá-lo sair. ele deu sinal e olhou pra mim como que se pedisse pra me ver de novo. Mas semana que vem, eu não estaria atrasada, e não pegaria o mesmo onibus, e não veria mais aquele garoto.
Ele saltou do onibus e meus olhos brilharam de novo, mas dessa vez com o brilho conformado de quem sente saudade do que nunca teve.

gentem... eu sei q a ideia nem é original... José de Alencar já pensou nisso faz tempo... mas eu quis escrever de novo =D
ahh....eu escrevi isso dentro do onibus... o final saiu meio desesperado pq tava perto do ponto que eu ia saltar...
mas enfim... espero que gostem =**

Nenhum comentário:

Postar um comentário